Dichaea pendula

Esse dia foi um dos melhores.
Quase cometi um assassinato, mas creio que seria indiciado por homicídio culposo sem agravantes, pois o meu amigo gordinho já não aguentava mais subir aquela montanha. Só o fez porque não quis perder para as mulheres e filhos.

E eu era o culpado. rs

Estávamos há aproximadamente duas hora subindo entre plantações de banana e mata nativa até que chegando ao topo da serra ele disse que não aguentaria mais. Retruquei que à partir dali que seria legal, pois estaríamos caminhando pelo plano em meio à mata fechada. Na verdade eu não conhecia nada daquele lugar nem de longe. Ia por indicação. Mas acertei. Foi uma das melhores caminhadas pela mata que já realizei.

Do cume da serra se avistava o mar, apesar de este estar há uns 80 km dali.

Estávamos provavelmente há pouco mais de 1000m de altitude.

O céu era azul, parcialmente nublado e a brisa que varava a vegetação, deliciosa. Podíamos ver o grande rio que serpenteava pelo vale indo em direção ao oceano.

Muitas bromélias, muitas trepadeiras, cipós, plantas que nuca vira. Colhi algumas pequenas mudas, rizomas e tuberculos e sementes pois faço a recomposição de uma pequena mata que em outra oportunidade contarei.

Havia um grande paredão rochoso com muitas epífitas, mas nada de orquídeas. Nesse aspecto estava frustrado, mas o lugar era espetacular.

Foi próximo à esse paredão que encontrei uma mini samambaia que me chamou a atenção. Muito bonitinha.

Fotografei-a pois formava um cachoeira de minúsculas folhinhas e colhi seis raminhos escolhidos criteriosamente para não tirar a graça do conjunto.

Ora, quando cheguei em casa, e por se tratar de uma samambaia tão delicada decidi plantá-la em um vaso em casa mesmo para multiplicá-la até o ponto de poder levar novamente para a mata e encontrar um lugar adequado.

Nesse momento veio a surpresa.

Não era uma samambaia. Era uma pequena orquídea que nunca havia visto. Descobri depois tratar-se da Dichaea pendula.



Felizmente foram só seis raminhos que agora estão plantados e espero que cresçam bastante pra que eu possa reintegrá-los à mata nesse meu projeto particular de conservação que está dando certo até agora.

Assim o dia seguiu seu rumo. Chegamos ao mirante, comemos um lanche... respiramos o mundo como o mundo deveria ser.

Depois foi fazer a caminhada de volta escutando a ladainha... o que é que eu vim fazer aqui? Com tanto amigo pra me chamar pra ir no shopping, no cinema... e eu aqui, cansado, suado, doando sangue pra mosquito... pelo amor de deus!!! Falta muito pra chegar Shrek? rsrs E eu respondia: -Falta burro... O reino fica tão, tão distante...