L. purpurata cárnea


Era manhã do final de dezembro.
O sol nascia entre núvens que diziam que à tarde haveria chuva.
O dia logo cêdo mostrava que seria quente.
Ela apareceu, apareceu do nada.
Encheu o verde com suas belas e contrastantes cores que chamavam a atenção.
Fez-me feliz.
A felicidade, às vezes, vem de pouca coisa,
dura um momento,
vai embora.
Ficam as lembranças.
Falei de flores?

                                                                                                                                     

C. francis




Ela chegou sem se mostrar. Ninguém sabia quem, de fato, era.
Os anos passaram e apenas seu disfarce se via.
Dividiu-se, talvez na tentativa de se mostrar de algum valor.
Um belo dia perdeu a vergonha e se libertou. Era mais bela que se poderia imaginar.
Naquele dia ela se entregou.
Sua imagem, bela, seu perfume embriaga à cada entrega. Sua pele alva, seus contornos, tudo nela é objeto de elogios.
Ela é minha.
 

Hóspede - Thicuania moschata



Sem as flores quem as notaria?
Agarradas aos trocos e galhos elas vegetam.
Da umidade do ar retiram parte da água da qual necessitam.
Aguardam a chuva e o sereno.
Nutrem-se do que as águas trazem ao escorrerem pelas cascas das árvores que as abrigam. Uma sopa de todo e qualquer resíduo que possa existir por lá, como aquele inseto que morreu numa fenda, o pó do chão que em suspensão ficou ali, o descarte de nutrientes que as folhas das árvores eliminaram pela respiração... a água lava e leva a tudo... e suas raízes, expostas ao tempo captam as sobras.